A relação da produção artesanal com as histórias de vida das mulheres que bordam em São João dos Patos – MA

Autores

  • Márcio Soares Lima Instituto Federal do Maranhão – IFMA
  • Raquel Gomes Noronha

Palavras-chave:

Saberes tradicionais. Design. Trabalho. Arte de bordar.

Resumo

Com o passar dos tempos, as condições de trabalho e o exercício da profissão de bordar, mudou.
Antes, o bordar acontecia nos espaços familiares ou em pequenas associações, transmitidos informalmente
aos familiares e interessados. Hoje, a presença de designers atuando no meio deles, possibilita
uma mediação no processo de produção. O presente estudo tem como objetivo verificar como as
mulheres que bordam em São João dos Patos – MA relacionam o artesanato, o trabalho e a qualidade,
tanto de vida como de seus produtos. Informamos que o presente artigo apresenta resultados da dissertação
intitulada O avesso: limites e alcances da consultoria em design na Associação de Mulheres
da agulha criativa – AMAC, no município de SJP, do mesmo autor, no âmbito do PPGDg-UFMA.
Mills (2009) nos ajuda a pensar a relação do artesão e seu trabalho, à medida que confere ao trabalho a
qualidade de sua própria mente e habilidade, assim, está também desenvolvendo sua própria natureza.
Essas reflexões teóricas são necessárias para evidenciar que o trabalho artesão não é definido apenas
como um trabalho manual, mas pela capacidade e habilidade da criação do artesão e na sua identificação
com o objeto a ser criado por ele. No trabalho artesanal, além dos aspectos culturais, também
são transmitidos aspectos identitários de cada artesão, logo, aspectos pessoais subjetivos do produtor
também estão inseridos na produção. As ferramentas metodológicas utilizadas para este artigo foram
entrevistas e a grupo focal tanto com as artesãs e consultores de design que atuaram na AMAC, mais
especificamente no Projeto “Marcando Bordado em Cores”, que de certa forma, ressignificou a arte,
a tecnologia e conhecimentos no modo de bordar daquelas mulheres. Concluímos entendendo que as
bordadeiras de SJP ao relacionarem a produção artesanal, com suas histórias, alimentam o bem viver,
no intuito de se sentirem mais valorizada em vários aspectos, inclusive no quesito auto estima, pois se
consideram literalmente mulheres da agulha criativa, portanto, encontramos aqui, além de qualidade,
conhecimento e aprendizado.

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Biografia do Autor

Márcio Soares Lima, Instituto Federal do Maranhão – IFMA

Possui graduação em design de moda. Mestrado em design pela Universidade Federal do Maranhão –
UFMA. Docente na Educação Básica e Tecnológica no Instituto Federal do Maranhão – IFMA, Campus
São João dos Patos, na área de Produção de Vestuário e Moda.

Raquel Gomes Noronha

Possui doutorado em Antropologia pela Universidade Federal do Maranhão – UFMA. Docente na
Universidade Federal do Maranhão no curso de design. Pesquisadora e coordenadora do Núcleo de
Inovação Design e Antropologia – NIDA

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Publicado

2019-01-05

Como Citar

Lima, M. S., & Noronha, R. G. (2019). A relação da produção artesanal com as histórias de vida das mulheres que bordam em São João dos Patos – MA. Revista Interdisciplinar Em Cultura E Sociedade, 4(Espec), 75–92. Recuperado de http://periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/ricultsociedade/article/view/10503

Edição

Seção

Eixo 1 - Arte, Tecnologia e Educação