Formação continuada de professores: concepções, discursos e práticas no Programa ARCO

Autores

  • Eloiza Marinho dos Santos

DOI:

https://doi.org/10.18764/

Resumo

Esta pesquisa trata da formação continuada de professoras/es. Enfatiza, como objeto de estudo, o Programa de Formação Continuada de Professores: Aprendizagem Reconstrutiva do Conhecimento – ARCO, elaborado por uma equipe multidisciplinar de profissionais da rede pública municipal de Imperatriz-MA que esteve em vigência no período de 2001 a 2004. Avalia as repercussões da formação realizada pelo programa na prática pedagógica de educadoras/es, contribuindo para a  (res)significação da formação continuada naquele município. Analisa as abordagens teórico-metodológicas que o fundamentam, bem como o significado e repercussões dessa experiência de formação, a partir da voz e da prática de educadoras/es. Investiga, também, o contexto histórico-político de inserção do programa. Na articulação dialógica entre dados coletados na pesquisa de campo e o estudo teórico, busca
em Demo, consultor do programa e principal autor estudado pelos
formadores, analisar os principais eixos norteadores do ARCO, como as concepções de pesquisa como princípio educativo, emancipação e autonomia, estas fundamentadas também em Paulo Freire, Gramsci e Giroux, que tratam do intelectual (orgânico conservador e/ou radical) como mediador, legitimador e produtor de ideias e práticas sociais. Esse último autor trabalha outro conceito, o de intelectual transformador. Em Helena Freitas, encontramos a defesa da concepção omnilateral das múltiplas dimensões da formação humana e da articulação teoria/
prática e valorização dos processos de produção do conhecimento
pela investigação e pesquisa, na formação continuada. Resultante de uma abordagem qualitativa, a referida pesquisa elegeu como sujeitos: a gestora de educação do período de criação e implantação do ARCO, dois membros do Grupo Base de Assessores, quatro do Grupo Base de Multiplicadores e três professoras participantes de momentos distintos da formação (2002, 2003 e 2004). Foram utilizados os seguintes procedimentos para coleta de dados: o estudo do Documento-Base do ARCO, análise dos diários de bordo escritos pelas professoras, entrevistas semiestruturadas e a observação direta da prática docente das três professoras que atuam no ensino fundamental. Todo esse processo permitiu concluir que os educadores da rede têm dificuldades em materializar os eixos teórico-metodológicos trabalhados no ARCO em suas práticas cotidianas, pelo pouco tempo em que experimentaram
a metodologia, porém há um reconhecimento do programa como
referencial de formação numa perspectiva de compromisso com a
formação humana e política dos educandos; a elaboração textual e a devolutiva tornaram-se frequentes nos discursos e práticas; revelam a importância e a necessidade da formação continuada, como espaço permanente de reflexão da prática docente, de orientação, produção e socialização dos conhecimentos construídos pessoal e coletivamente; sentimento de inclusão no programa; reconhecimento dos próprios limites teóricos e o esforço por superá-los; mudança na concepção da avaliação; prática de registros reflexivos; a conquista da condição de
sujeito que se sabe capaz de aprender, revelada em diversas iniciativas. Além disso, destacamos a imperiosa necessidade da definição de Políticas Públicas de Educação que incluam a formação continuada como direito e necessidade dos educadores/as da rede pública municipal de Imperatriz e que elas, de fato, sejam cumpridas.

Palavras-chave: Formação continuada. Aprendizagem reconstrutiva.
Pesquisa e elaboração. Autonomia e emancipação.