O MÚSICO DE JAZZ E O MAGICAL NEGRO: uma projeção branca

Autores

  • Gabriel Barth da Silva Universidade do Porto
  • Daniel Fauth Washington Martins Universidade Federal do Paraná

Resumo

É possível perceber a intrínseca conexão da musicalidade negra como forma de resistência, explorando experiências e sentimentos originados a partir de uma vivência compartilhada de forma intercultural e transnacional. Apesar disso, é possível também elaborar o papel da figura do Magical Negro como dispositivo da branquitude, que constitui um sistema em que o sujeito branco é colocado em um lugar central das relações raciais, detendo poder, sendo ele atrelado à indústria cultural, como forma de experiência de prazer própria, ressignificando as intencionalidades iniciais dessa produção musical. O fenômeno do Magical Negro, no cinema, pode ser percebido na elaboração em que personagens negros são inseridos na trama como superficialmente complexos, porém agem como mecanismos de apenas auxílio ao personagem branco atingir seu prazer e sucesso. Se propõe, então, uma leitura do Magical Negro na realidade do jazz, e de como é possível estabelecer essa leitura e projeção do jazzista como uma ferramenta de prazer a partir das projeções de uma audiência branca, apesar de suas intencionalidades de expressividade racial.


Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Gabriel Barth da Silva, Universidade do Porto


Mestrando em Sociologia pela Universidade do Porto (2020-) e Graduado em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (2019). Atua principalmente em temas envolvendo Música Popular e Estudos Culturais.

Daniel Fauth Washington Martins, Universidade Federal do Paraná

Mestre em Direito pela UFPR (2020). Graduado em Psicologia pela PUCPR (2019). Especialista em Criminologia pelo ICPC (2015). Membro do Núcleo de Criminologia e de Política Criminal da Pós-Graduação em Direito da UFPR.

Referências

ANDERSON, Maureen. The white reception of Jazz in America. African American Review, 2004, vol. 38, no 1, p. 135-145.

BASKERVILLE, John D. Free jazz: A reflection of black power ideology. Journal of Black Studies, 1994, vol. 24, no 4, p. 484-497.

BURNS, Ken. Jazz - A Film by Ken Burns. Florentine Films, 2000.

DYER, Richard. The matter of whiteness. White privilege: Essential readings on the other side of racism, v. 3, p. 9-14, 2008.

FAUSTINO, Deivison Mendes. O pênis sem falo: algumas reflexões sobre homens negros, masculinidade e racismo. Feminismos e masculinidades. Eva Alterman Blay (org.). São Paulo: Cultura Acadêmica, 2014.

FLAUZINA, Ana Luiza Pinheiro. Corpo negro caído no chão: o sistema penal e o projeto genocida do Estado brasileiro. 2006. 145 f. Dissertação (Mestrado em Direito)-Universidade de Brasília, Brasília, 2006.

GILROY, Paul. O Atlântico Negro: modernidade e dupla consciência. Rio de Janeiro: 34/Universidade Cândido Mendes, 2012. 427p.

GLENN, Cerise L.; CUNNINGHAM, Landra J. The power of black magic: The magical negro and white salvation in film. Journal of Black Studies, v. 40, n. 2, p. 135-152, 2009.

HUGHEY, Matthew W. Cinethetic racism: White redemption and black stereotypes in "Magical Negro" films. Social Problems, v. 56, n. 3, p. 543-577, 2009.

KOFSKY, Frank. The jazz tradition: Black music and its white critics. Journal of Black Studies, 1971, vol. 1, no 4, p. 403-433.

LAJOLO, Marisa. A figura do negro em Monteiro Lobato. Presença pedagógica, v. 4, n. 23, p. 23-31, 1998.

MBEMBE, Achille. Politiques de l'inimitié. La découverte, 2018.

MONSON, Ingrid. The problem with white hipness: Race, gender, and cultural conceptions in jazz historical discourse. Journal of the American Musicological Society, v. 48, n. 3, p. 396-422, 1995.

SCHUCMAN, Lia Vainer. Entre o encardido, o branco e o branquíssimo: raça, hierarquia e poder na construção da branquitude paulistana. 2012. Tese de Doutorado. Universidade de São Paulo.

SEGATO, Rita Laura. O Édipo brasileiro: a dupla negação de gênero e raça. Departamento de Antropologia, Universidade de Brasília, 2006.

SOUZA, Neusa Santos. Tornar-se negro: as vicissitudes da identidade do negro brasileiro em ascensão social. Graal: Rio de Janeiro, 1983.

Downloads

Publicado

2020-07-28

Como Citar

Silva, G. B. da, & Martins, D. F. W. (2020). O MÚSICO DE JAZZ E O MAGICAL NEGRO: uma projeção branca. Kwanissa: Revista De Estudos Africanos E Afro-Brasileiros, 3(5). Recuperado de http://periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/kwanissa/article/view/11973

Edição

Seção

Artigos