TEMPOS MODERNOS TEMPOS DE MAL-ESTAR DO CONSUMO AO DESCARTE

Autores

  • Daniela Brito Ramos UEPB

Palavras-chave:

resíduos sólidos, consumo, felicidade.

Resumo

Desde os primórdios da história humana gera-se lixo e não há como não o produzir, pois ele é resultado das diversas atividades humanas e consequentemente das transformações que nossa espécie executa em seu meio. Com o advento do Capitalismo, a produção industrial atingiu o ápice em termos de quantidade oferecida a demanda e essa oferta foi intensificada entre o final do século XIX e início do século XX com as diretrizes do taylorismo-fordismo mediante a produção em massa inicialmente no setor automobilístico e posteriormente nos demais setores de produção. O consumo de bens duráveis ou não duráveis passou então a ser visto como uma condição necessária à felicidade diante de um mundo conturbado em constante transformação. Bauman, à luz dos escritos e reflexões de Freud, compreende essa relação entre o consumo e o descarte para a satisfação dos desejos humanos, como um elemento desencadeador do mal-estar, pois torna o sujeito refém desse processo. O usar e jogar fora é uma das características mais autênticas da sociedade moderna e isso vale para objetos que de fato perderam sua capacidade de utilização até objetos que ainda estão em perfeitas condições de uso. Neste sentido, o presente trabalho possui como objetivo refletir sobre a geração de resíduos sólidos como um mal-estar contemporâneo por se tratar de um problema sem aparente solução, assim como, pretende discutir sobre a ideia do consumo como um pré-requisito à felicidade e ao bem-estar. Trata-se portanto, de uma pesquisa qualitativa com revisão de literatura baseada no conceito de mal-estar de Sigmund Freud e Zygmunt Bauman, além de uma breve análise da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) no que tange à substituição dos lixões por Aterros Sanitários e demais implicações. 

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Daniela Brito Ramos, UEPB

Mestranda em Desenvolvimento Regional (UEPB)

Especialista em Desenvolvimento e Meio Ambiente (IFPB)

Graduada em Ciências Sociais (UFCG)

Referências

ABRELPE. Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil, 2013.

BAUMAN, Zygmunt. Modernidade Líquida. Tradução Plínio Dentzien. – Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001.

______. O mal-estar da pós-modernidade. Tradução Mauro Gama, Cláudia Martinelli Gama; revisão técnica Luís Carlos Fridman. – Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1998.

______. Vidas desperdiçadas. Rio de Janeiro: Zahar, 2005.

______. Vida para consumo: a transformação das pessoas em mercadora. Tradução: Carlos Alberto Medeiros. – Rio de Janeiro: Zahar, 2008.

BOFF, Leonardo. Sustentabilidade – o que é, o que não é? – Rio de Janeiro: Vozes, 2012

BRASIL. Lei 12.305 de 02 de agosto de 2010. PNRS – Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos, altera a Lei n°.: 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12305.htm>. Acesso em 22 nov. 2017.

______. Associação Brasileira de Limpeza Pública e Resíduos Especiais. Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil 2013. Disponível em <http://www.abrelpe.org.br/ Panorama/panorama2013.pdf> Acesso em 03 de jul de 2018.

______. Instituto Brasileiro de Geográfica e Estatística. Pesquisa Nacional de Saneamento Básico – 2008. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/ populacao/condicaodevida/pnsb2008/PNSB_2008.pdf>. 22 nov. 2017.

______. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Síntese das Informações. Disponível em <http://cidades.ibge.gov.br/xtras/perfil. php?codmun=251630>. Acesso em 22 nov. 2017.

FREUD, Sigmund (1930 [1929]). O mal-estar na civilização. Edição Standard Brasileira das Obras Completas de Sigmund Freud, vol. XXI. Rio de Janeiro: Imago, 1996.

GONÇALVES, Pólita. A reciclagem integradora dos aspectos ambientais, sociais e econômicos. Rio de Janeiro: DP&A/Fase, 2003.

HARVEY, David. Espaços de Esperança. Tradução: Adail Ubirajara Sobral, Maria Stela Gonçalves. 7ª ed. – São Paulo: Edições Loyola, 2015.

LEFF, Enrique. Educação ambiental e desenvolvimento sustentável. In REIGOTA, Marcos (org.). Verde cotidiano: o meio ambiente em discussão. Rio de Janeiro: DP&A, 1999 (p.111-129).

LEONARD, Annie A história das coisas: Da natureza ao lixo, o que acontece com tudo que consumimos. Rio de Janeiro: Zahar, 2011.

MARICATO, Ermínia. As cidades, o mosquito e as reformas. In: Structural inequality and microcephaly: the social determination of an epidemic. Buenos Aires, Recife: WATERLAT-GOBACIT NETWORK WORKING PAPERS, 2016

SACHS, Ignacy. Desenvolvimento: includente, sustentável, sustentado. –Rio de Janeiro: Garamond, 2008.

QUIVY, Raymond. CAMPENHOUDT, Luc Van. Manual de Investigação em Ciências Sociais. Lisboa: Gradiva, 1995.

VEIGA, José Eli da. Desenvolvimento sustentável: o desafio do século XXI. Rio de Janeiro: Garamond, 2010.

Downloads

Publicado

2018-09-21

Como Citar

Ramos, D. B. (2018). TEMPOS MODERNOS TEMPOS DE MAL-ESTAR DO CONSUMO AO DESCARTE. Cadernos Zygmunt Bauman, 8(17). Recuperado de http://periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/bauman/article/view/9606